domingo, 13 de fevereiro de 2011 | By: Letícia Campos
Mais um gole de capuccino. Já haviam sido três copos. O mesmo de sempre, amargo e gelado. Lia alguma coisa sem presta muita atenção. Ansiedade demais. A mulher desceu do táxi, elegantemente, carregando seu melhor sorriso. Ele escutava impaciente,  suas milhões de palavras que não diziam, absolutamente,nada. Pediu mais um copo. Levantou-se impaciente. Foi embora. Naquele momento não podia suportar. Não podia suportar o perfume que envenena, o sorriso que hipnotiza nem o doce beijo que entorpece. Não naquele momento. Era preferível o gosto amargo e gelado daquele último copo, a companhia da solidão que lábios doces, quentes e nocivos.  

 “Passei a ocupar meus dias pensando sobre o que, afinal, é isso que todo mundo enche a boca para chamar de amor, como se fosse algo simplificado: defina em meia dúzia de frases, é fácil querida.
É fácil? Pois a querida não entende como uma palavrinha tão simples formada por apenas duas vogais e duas consoantes pode absorver um universo de sensações contraditórias, diabólicas, insensatas, incandescentes e intraduzíveis. O que é amor? Já tentei explicar a mim mesma e, por mais que tente, jamais conseguirei atingir e essência dessa anarquia que dispensa palavras.” Martha Medeiros